domingo, 29 de maio de 2011

Abaixe as calças!



Como cantou o grande Jackson do Pandeiro “o povo falou vá ver, ou foi, ou é, ou está pra ser.” Alguns incrédulos dizem que a história que vou relatar agora não passa de balela, conversa fiada; por outro lado, estudiosos das filosofias discutidas nas mesas de bar ou nas horas do cafezinho em ambientes de trabalho, juram de pés juntos que este causo realmente aconteceu. Bom, verdade ou não, o fato é que quem me contou os detalhes do ocorrido foi o próprio protagonista.
Diz a lenda que um professor de uma renomada escola da cidade de Campina Grande, estava andando calmamente, por volta das seis horas da noite, nas margens do açude velho, principal cartão-postal da cidade, o mestre olhava a paisagem enquanto saboreava um picolé de graviola. De repente, um elemento, vindo Deus sabe de onde, encosta o cano frio de um revólver nas costelas aquecidas do professor, com uma voz rouca o meliante fala próximo do ouvido da vítima:
- Abaixe as calças!
O sangue do docente foge, ele fica da cor do picolé de graviola que, graças ao susto, escorrega de suas mãos. Um pouco trêmulo, tentando recuperar o fôlego e rubor das faces, ele pergunta sem nem olhar para o bandido:
- E vai ser assim em pé mesmo?
- Bora mermão, tira logo a porra dessa calça. Quer morrer? – ameaça o sujeito, enquanto olha em volta verificando se a polícia está por perto.
- Não tem nem uma conversinha antes? Sei lá, talvez atrás da árvore seja melhor. Aqui o povo pode ver.
- Que história é essa? Deixe de demora, tira logo a calça.
- Tá bom. Mas, pelo menos, o senhor tem uma camisinha? – Perguntou o professor já tirando a calça e os tênis.
- Camisinha? Num quero saber de camisinha, nem de blusinha, nem de camisão...
Neste momento, um outro cara surge por detrás de uma palmeira e se aproxima da dupla.
- Vamo logo rapá, se demorar os homi chega.
- Ave Maria! E vai ser dois? – indaga o professor suando frio.
- Tô terminando. – afirma o primeiro bandido tirando a bermuda.
“Como Terminando?” Reflete o professor olhando pro vilão. O sujeito do revólver começa a vestir as calças do mestre e também calça seus tênis.
- Deu certin. – comemora.
- Vamo s’imbora, que eu ainda preciso fazer meu assalto. – fala o segundo cara puxando o companheiro pela camisa.
O professor fica parado em pé na borda do açude, sozinho, só de cueca, olhos arregalados, ombros caídos, testa franzida, depois de respirar fundo, ele diz:
- Assalto?!