sábado, 9 de abril de 2011

Não sou brasileiro


Sempre me considerei um cara patriota, não sou desses que o sentimento de amor à nação aflora a cada quatro anos. Tenho a Bandeira do Brasil em casa, sei cantar o Hino Nacional e também o da Independência. Não gosto de usar terno, mas, nas poucas vezes que visto paletó, exibo com orgulho um broche com o lábaro brasileiro na lapela. Mesmo assim, apesar de ter nascido na Paraíba, descobri que não sou brasileiro. Explico: o fato é que, por alguma jogada de marketing, venderam lá fora a imagem de que somos o país do carnaval, futebol e samba. Quando me lembrei disso, começaram as minhas inquietações acerca de minha nacionalidade.

Há muito tempo não pulo mais carnaval, participei da folia nos idos das matinês no Jatobá Club, ao som da orquestra de frevo formada por Hernani (os dois), Zé de Riba, Erasmo, Zé de Hernani, Neguin, Babata, Sargento Vandique, Valdeci Araújo e muitos outros. Depois ampliei meus horizontes carnavalescos, passei a pular (literalmente) nas festividades de rua em Cajazeiras, na época em que a folia acontecia na praça João Pessoa, ao som do trio elétrico Onix. De lá pra cá, abandonei o carnaval, geralmente fico em casa ou saio com alguns amigos em busca de diversão, mas nada que se pareça com a festa de Momo, no máximo, uma jogada ou outra de maisena na cara dos companheiros.

Enquanto ao futebol, nunca foi bom, na verdade, fui o pior jogador da escola, um dos piores da rua e o segundo pior da família, meu irmão Júnior conseguiu a façanha de ser mais perna-de-pau do que eu. Eu só jogava quando era o dono da bola, ou amigo do dono, ou então quando a quantidade de atletas fosse um número par, assim eu tinha que jogar senão um time ficava desfalcado, mas eu sempre era o último a ser escalado, consequências do “par ou ímpar”. Jogando na zaga fiz gol contra, no ataque cometi “cheiradas” inacreditáveis e agarrando tomei frangos memoráveis. Isso não me chateava, enveredei pelo basquete, joguei em todas as posições, fui campeão em jogos escolares e era um dos primeiros a ser escolhido.

No campo do samba, aí é que fico fora do tom, devo, como disse o poeta, não ser um bom sujeito. Não tenho coordenação motora o suficiente para o mexe-remexe desse ritmo, ou de qualquer outro estilo musical. Na melhor das hipóteses, arrisco um “dois pra lá dois pra cá” no forró, e antigamente, na época das tertúlias, ao som do DJ Leudemir França, me atrevia a dançar uma “música lenta”, como chamávamos as canções internacionais, que, na nossa cabeça e no nosso inglês péssimo, falavam de romances.

O Brasil é um país de dimensões continentais, unificado apenas pela língua, temos várias culturas, estilos, ritmos, crenças, tradições. Dançamos xaxado, fandango, carimbó, coco, cururu, ciranda; lutamos capoeira; tomamos cachaça, bebemos chimarrão; festejamos o São João (Campina tem o maior do mundo), o Sírio de Nazaré; nos fantasiamos para o bumba-meu-boi, o boi-bumbá, as cavalhadas, o maracatu; montamos pastoris, reisados, quadrilhas juninas; cremos em Deus, em Iemanjá, em Jesus, nas psicografias de Chico Xavier, no Padre Cícero, na Mãe-d’água, em nada. Mas, mesmo assim, somos o país do CARNAVAL, FUTEBOL E SAMBA. Não conseguindo me equilibrar nesse tripé, acabo me sentindo meio órfão de pátria, precisando ter uma nação pra chamar de minha. Então, salve a República Independente de Jatobá!

3 comentários:

  1. DIREITO DE RESPOSTA:

    o Autor da postagem para suavizar sua total falta de desenvoltura futebolística, usa o artifício de denegrir um membro de sua família imputando-lhe uma falsa qualificação. Deve-se ressaltar que isso é decorrência de INVEJA e DESPEITO, uma vez que o autor sempre foi derrotado em todas as disputas e jogos de futebol que travou durante a infância com seu irmão Júnior.

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  2. kkkkkkkkkkkkkkk
    Essa é boa!! Jatobá além da insatisfação por perder seu nome original, agora quer ser República e ganhar do Vaticano o título de menor nação do mundo. rsrs
    Vai ser o país do ÁLCOOL, da CANA e da CERVEJA.

    Ah, o direito de resposta foi muito bom tbm!! = ]

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  3. Êta júlio...kkk o jeito vai ser entrar com um pedido junto a Presidenta Dilma no consensso em forma de tornar a nação independente do jatobá.e o seu representante serás vós por seu empenho junto a história desste povo, mas ..e pelo lado futebolístico continuará na zona do rebaixamento.kkkkk

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