Sempre gostei de fotografia, mesmo quando não existiam as câmeras digitais, cheias de recursos, nas quais podemos tirar várias e várias fotos sem nos preocupar com o fim do filme. Eu já dava meus clicks na época das câmeras analógicas, daquelas em que comprávamos os rolos de filme com, no máximo, 36 poses. Precisávamos escolher bem o que fotografar, não tínhamos o direito de registrar um mesmo motivo inúmeras vezes e posteriormente escolhermos a melhor na tela do computador, para poder divulgar, hoje, na internet, ontem, apenas nos álbuns que rodavam de mão em mão. Sem falar no suspense que havia quando chegávamos a uma loja de fotografia, entregávamos o filme e ficávamos na expectativa de quais poses seriam revelados com êxito. Muitas vezes as que mais queríamos simplesmente queimavam, tremiam, ficavam escuras, sei lá, não prestavam. Gosto da tecnologia digital, ela me traz comodidade, embora, não nego, sinta saudade do charme da analógica. Mas, essa publicação nasceu quando eu revirava umas fotos que fiz com minha antiga câmera Yashica (automática, era muita tecnologia pra época) e encontrei algumas imagens de minha cidade, Jatobá (São José de Piranhas), que registram paisagens urbanas que não existem mais (ou foram modificadas). Assim como a digitalização tirou de moda os antigos filmes fotográficos, as cidades vão sendo modificadas, adaptadas ao novo mundo... Ainda bem que existem, e sempre existirão, as fotografias!
A primeira foto é da residência de Dona Neves (Mãe Neve, como era mais conhecida), a casa ficava no centro da cidade, de frente à Praça Getúlio Vargas.
A casa foi derrubada. Eu gastei algumas poses de meu filme para registrar os escombros do casarão:
A praça Getúlio Vargas (hoje, Praça Nelson Lacerda, gosto mais deste nome, já que se trata de uma homenagem a um piranhense), também foi fotografada, com seus tradicionais bancos em alvenaria. Talvez a parte mais interessante desta foto seja a sombra no calçamento. Pelo horário, a réstia da casa de Dona Neves quase dominava a rua que a separava da praça.
O Jatobá Club, ponto de encontro da sociedade de São José, hoje está totalmente abandonado, entregue ao descaso e à ação do tempo, que não perdoa. Paixões, amores, romances de uma noite, alegrias, risos e suores estão sendo soterrados por um prédio condenado. Entretanto, a fotografia abaixo foi feita na época em que as tertúlias e os shows do JC eram a maior atração da Princesa dos Montes.
A casa de Joaquim Ribeiro foi, pelo menos até onde sei, a primeira residência com sobrado da cidade. Imponente, ficava no centro da cidade, exibindo-se para os visitantes e para os piranhenses.
A cidade cresce, o trânsito começa a complicar. Mas quem não lembra do Terminal Rodoviário no centro de Jatobá? Os ônibus da Transparaíba ou da Gontijo apertando-se para estacionar. Estes ônibus foram atrações e até marcavam o horário das meninas irem pra casa: "Quando o ônibus passar é pra vir embora" diziam as mães preocupadas com as moças.
Quando fiz estas fotos não imaginei que a cidade podesse mudar tão rapidamente. O fórum, por exemplo, hoje ocupa uma bonita edificação nas margens da PB 400. Todavia, há alguns anos, ficava ali ao lado da Telpa (a foto do posto telefônico queimou).
As fotos registram momentos únicos, é uma pausa no calendário, como se a areia parasse de cair na ampulheta. A máquina do tempo já foi inventada, ela se chama CÂMERA FOTOGRÁFICA.