- Acabou,
Larissa.
Me disse Celestino,
entre goles. Fiquei muda, não consegui entender
aquilo. Busquei em mim um motivo para o rompimento, procurei na luz sem brilho
daqueles olhos azuis uma fagulha que clareasse meus pensamentos. Tentei
enxergar em sua voz alguma tonalidade de mentira. Não encontrei, falava sério.
Mas, não podia ser. Como poderia terminar nossa história? Ele permaneceu ali,
olhar fixo em mim, enquanto segurava seu copo de curaçau blue. Eu é que não consegui ficar inteira na sua frente.
Nos
conhecemos em um parque de diversões, desses bem grandes, com muitos brinquedos
e atrações. Rodas-gigantes, montanhas-russas, carrosséis, mágicos, palhaços. Eu
estava com algumas colegas da faculdade, marcamos para fazer um trabalho de Direito
Processual Civil, uma chatice, preferimos ir brincar. Ele sozinho, com as mãos
nos bolsos, passeando entre as máquinas, encantado com o que via ao mesmo tempo
distante de tudo aquilo. Vez por outra, chutava o vento. Achei engraçado. Não
tive como não reparar nele. Amor à primeira vista. Sinceramente, nem acredito
que exista esse tipo de coisa! Mostrei às meninas aquela interessante figura
desinteressante. “É bonitinho”. Disse uma delas, já me puxando para o
trem-fantasma. Claro que eu não queria ir. Fui.
Fila,
todos olhando para frente, menos eu. Inutilmente tentava encontrar o jovem com
camisa azul caixão-de-anjo. Que mau gosto pra se vestir!
Fantasmas,
monstros, vampiros, várias imagens assustadoras, que em nada me assustavam.
Sai do
brinquedo novamente procurando, naquele momento não entendi por que tanta
obstinação.
- Vamos
ao labirinto de espelhos! – Gritou Madalena empolgada como criança. Ali todos
deveriam ser infantis. Apenas eu preocupada em permanecer adulta.
Espelhos,
reflexos, várias de mim. Nosso grupo se dividiu tentando se perder. Quando
finalmente me perdi, encontrei Celestino. Sem dúvida o sorriso mais cândido e
puro, um pouco de céu, que já vi. Ficamos juntos no labirinto, caçando a saída,
sem querer sair.
Comemos
pipoca e algodão-doce. Esqueci completamente das companheiras. Gentil, me levou
em casa. Esperei ser beijada, mas, não houve beijo, tímido. Achei aquela
atitude, ou falta dela, fascinante.
Dois dias
depois, ligou. Convite para ir ao cinema. Fiz charme, disse que estava
indisposta. Celestino, compreensivo, aceitou. Tive que retornar a ligação.
Cheguei
antes dele, ansiosa. Nos encontramos em frente à sala, próximo aos cartazes. Eu
de vestido longo e salto quinze, ele de jeans e camiseta polo azul-marinho,
estava lindo! Assistimos Trois Couleurs:
Bleu. Não foi escolha minha.
Depois da
sessão fomos a uma boate. Dançamos, bebemos, conversamos. Soube tudo de sua
vida: onde morava, Rua das Violetas; em que trabalhava, oceanógrafo; o time que
torcia, Cruzeiro; que adora o Super-Homem. Naquela mesma noite começamos nosso
namoro. Amor, tesão, festas, viagens, sempre nós...
Minhas
mãos, trêmulas, batiam na mesa do restaurante, remexendo explicações para um
ponto final tão brusco, bruto, seco. Na tentativa de encontrar respostas me
deparo com mais perguntas: Por que me convidou para esse jantar? Por que dessa
forma tão cinza? Sinto algo surgir dentro de mim. Mas, não é vontade de chorar.
Olho pra aquele rosto revoltada. Ele pega minha mão, me entrega um anel de
safira, seus lábios docemente cínicos me dizem:
- Eu
estava brincando!
Em uma
mistura de raiva e alívio, meus olhos rachados o encaram enquanto me levanto e
grito:
- Odeio
azul!
Fez bem... eu sempre fui do cordão azul, mas esse Celestino... Faz-me receber a rosa do cordão encarnado. PARABÉNS. Diverti-me.
ResponderExcluirFez bem... eu sempre fui do cordão azul, mas esse Celestino... Faz-me receber a rosa do cordão encarnado. PARABÉNS. Diverti-me.
ResponderExcluirFez bem... eu sempre fui do cordão azul, mas esse Celestino... Faz-me receber a rosa do cordão encarnado. PARABÉNS. Diverti-me.
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