- Amor! (...) Amor! (...) Cláudio! (...) Cláuuuudiooooo!!!!!!
- Que foi, Joana?
- Precisamos Conversar.
- Também acho.
- Então. Você não me
escuta mais.
- Eu tô com fome.
- Cláudio, esquece teu
bucho por um minuto.
- Você não esquentou o macarrão,
impossível comer. Um minuto ou dois no micro-ondas, não precisa mais.
- Amor, há quanto tempo
não conversamos de verdade? Quanto tempo?
- Um minuto ou dois,
ora!
- Ontem cheguei
estressada da empresa. Você nem percebeu. Dei todas as dicas, e você assistindo
TV, bebendo, ainda me pediu pra trazer mais uma cerveja.
- Quero.
- Um estagiário,
moleque. Só pode ter entrado lá por amizade, fez uma merda. Quem teve que
resolver?
- Acho que tem umas
três latas geladas. Vou botar mais.
- Eu. Claro!
- Caramba. Tem um ovo
estragado aqui na geladeira.
- Precisei correr,
final de expediente e o guri faz bobagem. Deve ter pistolão, certeza.
- Você prefere tulipa
ou taça?
- Consegui contornar,
sempre consigo, tudo.
- Taça. Certeza. Só
cuidado pra não quebrar, elas formam cacos pontiagudos, sempre me corto pra
limpar os estilhaços.
- Mas não consegui
chegar cedo em casa, e você, Cláudio, nem notou meu atraso. Nem percebeu a
hora.
- Hora? Ora, são nove e
vinte e dois. Eita! Vai começar o jogo do Treze, tinha esquecido.
- Isso não foi ontem
apenas, ou semana passada. Você nem me nota. Quando não tô perto, tu lembra?
- Se tivesse lembrado
teria colocado mais cerveja. Futebol pede!
- Cláudio, me escuta,
me ouve.
- Sabe o macarrão? Frio
é ruim, o molho fica grosso.
- Grosso, muito grosso,
quando não é indiferente.
- É como eu disse,
rapidinho no micro-ondas, fica a mesma coisa da hora que cozinhou.
- Filhos. Você nunca
quis ser pai, nem se preocupou se eu queria ser mãe.
- Ela não me ligou
hoje. Ligou pra você? Sogra ligar pra nora não é comum, deve ser fim do mundo
mesmo.
- Não acredito. Por que
insisto? Tô falando sozinha. Não acredito!
- Acredite. Ela não
mentiu sobre mim.
- Será que dar pra você
parar de abrir e fechar a geladeira?
- Acabou o chocolate?
- Estudei, me esforcei,
sofri, venci. Levo tudo nas costas. Você só no sonho.
- Boa ideia! Tem uns
sonhos guardados aqui. Será que ainda prestam?
- Senta aqui, na minha
frente!
- Estragou.
- Clau, esperei seus
parabéns...
- Que droga, estavam tão
crocantes!
- Ontem fez oito anos
de nosso primeiro beijinho.
- De jeito nenhum.
Beijinho é doce. Quero algo salgado.
- Essa casa precisa de
um cachorro ou de um gato.
- Peixe. Teu copo tá
criando peixe. Você não bebe!
- Cláudio Joaquim
Peixoto, eu quero o divórcio.
- Joana, e o macarrão?
Muitas vezes na correria do dia se esquece o essencial! Mulher sempre quer atenção !
ResponderExcluirKkkk uma vez ou outra situação ocorre isso! Só não pode virar rotina!
ResponderExcluirMais um excelente conto para teu futuro Livro!
Parabéns!
Bacana demais, esse dialogo acontece sempre !
ResponderExcluirRealmente muito bom. Como sempre Júlio sabe representar nosso cotidiano com humor característico. Parabéns
ResponderExcluirTexto excelente. Demonstra um pouco o machismo brasileiro.
ResponderExcluirEscutaaaaa, Cláudio!
ResponderExcluirAgonia! Kkkk
É como se estivesse só, mesmo com alguém ao seu lado. Não é boa coisa de se viver, mas é o desenho da sociedade atual.
ResponderExcluir☝️☝️☝️☝️☝️☝️
ResponderExcluirVALQUIRIA GONÇALVES ☝️
ResponderExcluirComunicação zero kkkk....belo texto. Representação do machismo msm, como já disseram.
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